14/06/2015

A fera


Caiu no mundo a fera sem jamais ser reconhecida. Aparou as unhas, os dentes, cabelos e chamas. Fez que o passado encolhesse pequeno dentro do peito. Guardado. Feito caixinha de música no fundo do armário. No peito trancou com chaves o seu ranço, olfato e furacões. Viveu.
Vez ou outra coração pulava do peito. Oxe! Vá já pra dentro que aqui fora é frio inverno e sertão!
Sertão! Que soava o mais quente dos céus! Lá onde...onde...oh! onde a fera não ousava ousar em viver.

(Fazia que o sertão lhe lembrava o fogo, dito cujo que a fera domou, prendeu e amarrou por ser tão zombeteiro.)

E assim foi a história da fera, das feras, todas as elas, que como história de fera jamais tem um fim.
Porque sempre se espera o dia em que ela...ah! Ela! O dia em que ela num rompante se arranhe e arranque as roupas, as loucas, os modos, os gritos, gemidos, suspiros e alívios em cima de mim.





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