22/11/2007
Um espelho fazia do seu rosto algo quase que corriqueiro, algo que subia escadas, descia, falava, se apresentava, sorria. Também falava sozinho, do jeito como geralmente se faz. Às vezes com alguns interlocutores que figuravam em sua frente, mas que ele mesmo não via. Era por causa do espelho, claro. Isso era bem visível a todos. Mas ninguém comentava. Era algo tão corriqueiro que não precisaria ser dito. Então, de consenso, ficava o não dito. O espelho era onipresente. Só faltava falar. Tudo que se passava era através do espelho, por detrás do espelho, em cima, embaixo, dentro, sobre... Estes eram os pontos-de-vista. As pessoas sabiam disso. Eventualmente um ou outro se via espelhado. Mas era só isso. Se via espelhado. Ponto.
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