08/10/2007

Ela despejava suas intensidades em um teclado de um computador e se escrevia em terceira-pessoa. As suas intensidades vazavam pelos seus poros e a faziam passar vergonha (aos olhos dos outros, sempre). Ela não se importava. Ela não se importava se os seus escritos se repetiam, ou repetiam-se as palavras. Ela simplesmente fluía de um desejo de desejar alguma coisa, algum objeto. Sua terceira-pessoa não sabia quem era. Nem a primeira-pessoa. Faltava uma segunda-pessoa, ela pensava. As suas intensidades procuravam vazão, não encontravam um objeto e então criavam um: palavras. Ela pensa que é melhor assim. Uma segunda-pessoa poderia trazer um eu-tu problemático. Uma segunda-pessoa poderia deixar o eu. Uma segunda-pessoa poderia fazer o eu se tornar ela. Novamente.

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